Explicando o diabetes: diabetes tipo 2 e diabetes gestacional
Ambas as condições têm relação com sobrepeso e histórico genético
Como eu comecei explicando para vocês no texto passado, ainda é comum que haja uma confusão quanto as diferenças entre o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2, que corresponde a 90% dos casos da doença no mundo.
Além disso, eu acredito que é muito válido também citar e explicar que ainda existe o diabetes que se manifesta nas gestantes que nunca tiveram quadros da doença antes. Então, vamos entender melhor?
O famoso diabetes tipo 2
Diferente do diabetes tipo 1, que se caracteriza como autoimune, o diabetes tipo 2, o mais comum da doença, está frequentemente relacionado com duas questões: a genética e o ganho de peso.
Ou seja, o paciente possui familiares com diabetes tipo 2, então já nasceu com uma pré-disposição genética à doença, e durante a vida se alimenta de forma pouco saudável e/ou é sedentário. Logo, ele ganha peso e acaba criando no organismo uma resistência à ação da insulina.
Como isso funciona? Começa com uma glicemia (concentração de glicose no sangue) levemente alterada em períodos de jejum ou após duas horas da alimentação (entre 100 e 125 mg/dl) e/ou uma hemoglobina – proteína presente nos glóbulos vermelhos – levemente alterada (entre 5,7 e 6,4%).
Esses valores são medidos por meio de exames de sangue e essa fase é chamada de pré-diabetes. Os quadros de pré-diabetes são completamente reversíveis com o uso de medicamentos, apesar de que só uma dieta de baixo carboidrato e exercícios físicos podem também curá-lo, de forma ainda mais eficaz.
Quando o tratamento não é seguido devidamente, os hábitos alimentares não mudam e/ou não há uma preocupação com a perda de peso, o quadro da doença evolui (os valores de glicemia/hemoglobina sobem) e se torna o diabetes tipo 2.
É importante pontuar novamente que, também diferente do diabetes tipo 1, esses pacientes ainda têm reserva pancreática de insulina, mesmo que menos que o valor normal, e só apresentam resistência à ação do hormônio.
Então, neles, essa reserva do pâncreas ajuda a cobrir quando há um exagero da alimentação rica em carboidratos, o que nunca aconteceria no diabetes tipo 1. E o tratamento inicial é com medicação oral, podendo ou não chegar ao ponto de usar a insulina.
O problema maior do diabetes tipo 2 é que a doença é um fator de risco muito grande para outras condições graves, como infarto e AVC. Inclusive, os diabéticos estão sempre na classificação de prevenção secundária do infarto, que se caracteriza por pessoas que já tiveram um ataque do coração antes, mesmo que o paciente em questão nunca tenha infartado.
Além das doenças cardíacas, o diabetes também tem forte relação com problemas renais sérios, que podem acabar até exigindo hemodiálise ou transplante, e doenças oculares, como a retinopatia diabética.
Ainda, segundo novos dados de pesquisa, o diabetes também pode aumentar os riscos de o paciente desenvolver algum tipo de demência, incluindo o Alzheimer. Isso porque o diabetes causa neurodegeneração e mudanças na função e estrutura vascular, entre outras coisas.
A temida diabetes gestacional
Esse tipo do diabetes tem relação com fatores semelhantes ao diabetes 2, ou seja, se manifesta em gestantes que engravidam acima do peso e possuem histórico familiar de diabetes tipo 2.
No entanto, essas mulheres não possuíam a doença antes de engravidarem e acabam a desenvolvendo geralmente depois do sexto mês (24º semana) da gravidez por causa da grande carga hormonal do período.
Por exemplo, a placenta produz muitos hormônios que reduzem a ação da insulina. Com isso, o pâncreas aumenta a produção de insulina para compensar o desequilíbrio. Mas em algumas mulheres esse processo de compensação não ocorre naturalmente, então o nível de glicose no sangue sobe.
O diabetes gestacional é perigoso porque aumenta as chances de a gestante desenvolver todas as complicações de uma diabetes tipo 2 e da pré-eclâmpsia (hipertensão arterial gestacional).
Além disso, são maiores as chances de aborto, hipoglicemia pós-nascimento no bebê e feto macrossômico (grande demais), que muitas vezes quebra a clavícula ao nascer por seu tamanho desproporcional.
Quando há suspeita, o médico indica que a mulher faça o teste de tolerância oral à glicose (GTTO) para confirmar o diagnóstico. Caso seja positivo para diabetes gestacional, o tratamento é feito com medicamentos orais e, de vez em quando, com insulina (depende do caso, só quando muito necessário, pois pode afetar o bebê).
A alimentação saudável é indispensável diante desse quadro e a doença costuma compensar bem com uma dieta de restrição de carboidratos personalizada, ou seja, com uma restrição mais leve por causa do feto, diferente da dieta low-carb, por exemplo.
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