Podemos ou não comer gordura saturada?

O jornal britânico Daily Mail acaba de noticiar que um comitê científico governamental do Reino Unido fez recentemente um documento recomendando que fossem mantidas as diretrizes publicadas em 1994, naquele mesmo país que aconselhavam que as pessoas evitassem comer alimentos com gordura saturada.

Esse tipo de gordura não deveria, portanto, ultrapassar míseros 10% das calorias totais do dia.

Com essa restrição tão grande o consumo de carnes, ovos, leite, queijos, iogurtes e manteiga, por exemplo, ficaria reduzida a quase nada.

Não demorou muito e vários especialistas em nutrição ao redor do mundo, como o Dr. Assem Malhotra, conceituado cardiologista britânico e a jornalista americana especializada em nutrição e autora do best seller “The Big Fat Surprise” Nina Teicholz, dentre outros, se manifestaram contrários a esse documento.

O que esses especialistas alegam para rebater tal recomendação é o fato de que nenhum estudo de boa qualidade científica até hoje mostrou que gordura saturada na dieta aumenta o risco de morte por todas as causas ou morte por causas cardiovasculares.

Uma questão mais impactante ainda que devemos parar para refletir é a de que já foram feitos inúmeros estudos observacionais e até mesmo um grande estudo clínico prospectivo randomizado (2016) sobre esse assunto e esses mostraram que além de não haver qualquer correlação entre consumo de gordura saturada e aumento de mortalidade, na verdade o que acontece é o contrário, ou seja, os pacientes que comeram menos alimentos ricos em gordura saturada e comeram mais alimentos ricos em gordura poli insaturada (oriundas dos óleos vegetais industrializados), como recomenda o comitê britânico, morreram mais.

A minha opinião é que esse medo de comer gordura saturada emplacou devido a uma extrapolação equivocada que é a seguinte:

Comer mais gordura saturada de fato até pode aumentar os níveis de colesterol no sangue, mas isso não necessariamente se traduz em maior mortalidade.

Ou seja, a máxima de maior nível de colesterol no sangue = maior mortalidade não é em essência verdadeira.

Vou mostrar isso através de três argumentos que julgo serem os mais importantes:

1) Antes de mais nada, nem sempre comer mais gordura saturada significa colesterol alto, na verdade, após uma considerável experiência que já tenho no consultório com pacientes fazendo dieta lowcarb, posso dizer que esse fato definitivamente não acontece na maioria dos pessoas.

2) Nem todas as pessoas precisam ter colesterol baixo para que tenham menor risco de doenças cardiovasculares, isso é mais necessário naqueles que de saída já tem um risco maior dessas doenças, ou seja, são aqueles pacientes que chamamos de prevenção secundária. Secundária, pois, eles já tem uma condição primária que por si só aumenta suas chances de infarto e derrame, por exemplo.

3) Esse último agora é o PRINCIPAL ARGUMENTO. Quando temos uma dúvida sobre qualquer assunto, existe um meio muito seguro de resolvê-la que é testar a hipótese, ou seja, fazer um experimento para avaliar se aquilo que estou imaginando procede. Pois bem, como eu disse no começo desse texto, estudos já foram feitos para testar essa questão de maior ou menor consumo de alimentos com gordura saturada (é um assunto extensamente estudado) e nessas pesquisas o consumo de alimentos naturais com suas próprias gorduras de todos os tipos incluindo a saturada ou não aumentou mortes ou até diminuiu.

Como mensagem final, quero dizer que, estaremos muito melhores de saúde e de peso EVITANDO comida industrializada rica em óleo vegetal e carboidrato refinado, como pães, bebidas açucaradas, massas, cereais, granolas, doces e, PRIORIZANDO comidas da natureza com suas gorduras próprias como carnes, ovos laticínios integrais, manteiga, castanhas, azeite de oliva, frutas com gordura como abacate e coco, por exemplo.

Falei bastante e agora quero ouvir a opinião de vocês!!!

Vou deixar então uma pergunta no ar que tem a ver com tudo que dissemos nesse texto.

Vocês acham que a forma como seus avós comiam era melhor ou pior do que comemos hoje em dia?

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