Prolactina
Recentemente uma seguidora querida aqui do meu Instagram perguntou sobre Prolactina, então resolvi escrever sobre o assunto.
Vamos lá! Você sabe o que é a Prolactina?
A Prolactina é um hormônio produzido por uma glândula chamada hipófise, que localiza-se no cérebro numa região que fica atrás do nosso nariz. A função mais importante deste hormônio é a produção de leite materno, mas atua também no desenvolvimento das mamas e em algumas outras funções.
Até aí tudo bem, e se não fossem alguns probleminhas que seu aumento pode causar, muitas vezes nem saberíamos da sua existência, a não ser que fôssemos da área da saúde ou interessados por cultura geral e aprendizado.
Bem, mas às vezes a prolactina se eleva provocando algumas coisas chatas, como por exemplo, irregularidade menstrual ou até interrupção da menstruação nas mulheres, diminuição da libido, saída de leite de maneira espontânea ou quando apertamos o mamilo, mais raramente dores de cabeça e alterações visuais. Nos homens o que mais comumente ocorre é a baixa da testosterona, com consequente diminuição da libido.
As causas mais comuns de aumento da Prolactina são:
• Tumores benignos da hipófise produtores de prolactina. Nessas situações o
nível de prolactina no sangue costuma relacionar-se com o tamanho do tumor;
• Hipotireoidismo pode causar aumento da prolactina, pois o mesmo hormônio no
hipotálamo que estimula a produção do TSH (hormônio estimulador da tireoide o
qual está alto na maioria dos hipotireoidismos) também estimula a produção de
prolactina;
• Medicamentos que podem aumentar a produção de prolactina. Veja alguns deles:
determinados antidepressivos, antipsicóticos, medicamentos para tratar
gastrite, anti-hipertensivos, uso de heroína, cocaína, anfetaminas e morfina;
• Síndrome dos ovários policísticos (SOP), cirrose hepática e insuficiência renal.
Lembrar que na época da gestação e amamentação a prolactina estar aumentada é uma situação normal, tanto é que há uma natural dificuldade de se engravidar durante a amamentação (a natureza é sábia, cuidar de 2 bebês seria mais difícil!!) pois quase sempre quando a prolactina se eleva há um bloqueio do que chamamos de eixo hipotálamo-hipófise-gonadal o qual deixa mulheres e homens como se suas gônadas (ovários e testículos) não funcionassem.
Tratamento
O aumento da prolactina na maioria das vezes não representa algo grave ou preocupante, no entanto, não deve deixar de ser bem avaliado e tratado devido. Algumas potenciais consequências à saúde que podem ser causadas: osteoporose, infertilidade, queda de libido, dores de cabeça, alterações, dentre outras menos comuns.
O tratamento se faz quase que 100% das vezes com medicamentos, e a Cabergolina é o mais comum. Ela não é utilizada todos os dias, e sim algumas vezes por semana.
O acompanhamento e ajustes de doses devem ser feitos levando-se em consideração a melhora ou não dos sintomas dos pacientes e dosagens hormonais de tempos em tempos e o exame de imagem mais preciso para avaliarmos a hipófise é a Ressonância Nuclear Magnética de Sela Túrcica com contraste.
Antes de finalizarmos gostaria de explicar melhor uma situação específica, porém não rara, que pode acontecer nos casos de aumento de prolactina no sangue, que é a presença da Macroprolactina.
Macroprolactina é uma isoforma de alto peso molecular da prolactina que pode interferir na dosagem desse hormônio, ou seja, como ela é grande aparenta na hora de dosá-la que temos várias moléculas de prolactina, mas na verdade não, são poucas porém grandes. A macroprolactina constitui menos de 5% da prolactina circulante e tem baixa (ou nenhuma) atividade biológica, sendo assim em nada vai prejudicar, pois está presente, mas não tem ação nenhuma.
Durante a investigação de prolactina aumentada, principalmente em pacientes sem sintomas convém, portanto verificarmos antes se não se trata apenas da presença de uma quantidade aumentada de macroprolcatina e se for isso não há necessidade de tratamento, já que como acabei de comentar essa molécula grande de prolactina não apresenta função biológica, então não produzirá a doença em si, que é a hiperprolactinemia, e muito menos suas consequências.
No consultório já tive oportunidade em várias ocasiões de tranquilizar pacientes que me procuraram por aumento de prolactina pois de fato se tratava apenas da presença em maior quantidade da macroprolactina no sangue. Quando é assim não deixo de seguí-los obviamente mas posso respirar bem tranquila pois de fato essa é uma situação bem benigna e facilmente administrável.
Você deve estar se perguntando então agora, como vou saber se a minha prolactina aumentada é real ou se se trata de um caso de aumento de macroprolactina. Essa diferenciação não é nada complicada, nós médicos solicitamos e os laboratórios aplicam técnicas específicas no sangue que foi coletado, e de maneira rápida e fácil conseguimos resolver essa dúvida.
Um detalhe que parece bobo, mas é importantíssimo e, portanto sempre alerto meus pacientes que vão colher sangue para dosar a prolactina é que se estiverem estressados no momento da coleta a prolactina pode vir alta, então vou deixar aqui uma dica.
Chegue tranquilo e evite se estressar no dia em que for dosar prolactina para não termos confundidores, caso não seja possível estar calmo nesse dia, deixe para colher em outro dia melhor, afinal essa não é uma condição grave que não possamos aguardar um pouquinho para fazermos o diagnóstico nas melhores condições possíveis.
Bem, acho que consegui dar uma passada resumida pelo tema e se quiserem conversar mais sobre o assunto terei muito prazer em respondê-los. Abraços!
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