Hipertireoidismo e Hipotireoidismo: diferenças, causas e sintomas
Esses dois distúrbios da tireoide se apresentam de formas opostas
A nossa tireoide é uma glândula que está localizada na parte da frente do nosso pescoço e é muito importante para manter a boa função de diferentes órgãos. Isso porque ela assegura os processos bioquímicos do nosso organismo, para que haja um equilíbrio interno.
É ela a responsável pela produção dos hormônios T4 (tiroxina) e T3 (triiodotironina), associados ao nosso metabolismo. O hipotireoidismo e o hipertireoidismo são justamente distúrbios que afetam essa produção, causando um desiquilíbrio no organismo todo.
Por que o Hipertireoidismo e o Hipotireoidismo acontecem
Antes de mais nada, vamos entender a diferença principal entre eles: enquanto o Hipertireoidismo representa um aumento descontrolado da produção dos hormônios T3 e T4, o Hipotireoidismo é o contrário, ou seja, a diminuição ou interrupção desse processo. E a causa mais comum de ambas é associada a doenças autoimunes, em que o corpo “ataca” a si mesmo (auto anticorpos).
No Hipertireoidismo geralmente temos a presença da doença de Graves, em que o anticorpo TRAB ataca a tireoide e há o aumento da produção dos hormônios. Ele pode atacar também o tecido atrás dos olhos, causando uma reação inflamatória que comumente os deixa saltados para frente.
O mais irônico é que outra causa do Hipertireoidismo são doses inadequadas e altas do medicamento levotiroxina (composto do próprio hormônio T4 da tireoide), para tratar o Hipotireoidismo. A Doença de Plummer, nódulos de tireoide capazes de produzir hormônios tireoideanos autonomamente (sem responder a comandos controladores nenhum), é uma causa menos comum.
Já a doença autoimune relacionada ao Hipotireoidismo é a chamada Doença de Hashimoto, que provoca a redução gradativa da própria tireoide e de sua capacidade de produção hormonal.
Outras causas de Hipotireoidismo também envolvem reação ao tratamento do Hipertireoidismo com iodo radioativo, uso de alguns medicamentos para outras doenças não relacionadas (como a amiodarona para arritmias e lítio para distúrbios psiquiátricos), radioterapia do pescoço e outros menos frequentes.
Como identificar os distúrbios
Já conseguimos entender que as duas doenças são o contrário uma da outra, certo? Isso quer dizer que os sintomas também se apresentam dessa maneira, uma condição com o organismo em um pico de sensações e a outra com um declínio do físico e humor.
• Hipertireoidismo: nessa condição, pelo excesso de hormônios, o seu organismo tende a ficar mais acelerado, então seu coração bate mais rápido, você pode ter mais calor e suar mais, ter insônia, tremores, perda de peso, nervosismos e irritações descontroladas, que te fazem até mesmo agir por impulso na hora de tomar decisões.
• Hipotireoidismo: o efeito contrário, um organismo mais cansado, depressivo, sonolento, com reflexos mais lentos e ritmo cardíaco vagaroso. Você ainda pode apresentar alteração na voz, pele mais seca, maior tendência a sentir frio, dificuldades de ir ao banheiro e ganho de peso. As mulheres costumam ter alterações na menstruação e os homens na libido.
Será que eu tenho um deles?
Se identificou com alguns dos sintomas? Se a resposta for sim, quero primeiro tranquilizá-los dizendo que não é difícil fazer os diagnósticos de Hipotireoidismo e Hipertireoidismo ou encontrar suas causas.
Nós médicos utilizamos o relato das queixas dos pacientes além de alguns exames de sague como TSH, T4 livre, T3 e anti corpos específicos (anti Tg e anti TPO), além de ultrasson de tireóide para nos ajudar no estabelecimento do diagnóstico e acompanhamento do tratamento.
Existe também a possibilidade de se fazer o autoexame na frente de um espelho para detecção de possíveis nódulos de tireoide. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, você precisa:
1. Estender a cabeça para trás e procurar em seu pescoço a região logo abaixo do “gogó”.
2. Engolir um gole de água (que faz a tireoide subir e descer) enquanto a observa pelo espelho.
3. Procurar por uma protrusão ou nódulos na região, repetindo este teste algumas vezes para ter certeza.
O autoexame é importante para a detecção dos nódulos, mas você precisa também avaliar a função da tireoide (produção hormonal). Então, vale lembrar que se você acredita estar com sintomas, mesmo que não encontre nada visível na tireoide, é essencial procurar um endocrinologista para confirmar o diagnóstico com os exames específicos de sangue e imagem.
Os tratamentos de ambas costumam ser simples e pouco invasivos. E o diagnóstico precoce e controle das doenças evitam que você desenvolva complicações mais graves, que afetam o coração, os ossos (osteoporose) e outros inúmeros sistemas do nosso organismo.
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